primeiro, porque existem listas infindáveis de escritores maiores que falharam o nobel (joyce, borges, nabokov, etc). e, segundo, porque o nobel premeia escritores humanistas, ou seja, optimistas, que oferecem à academia sueca uma visão inspiradora, e muitas vezes sentimental, da natureza humana.
jp coutinho na revista única, sobre o nobel que philip roth nunca ganhou
eu cá também, quando penso em beckett, grass, saramago, jelinek ou steinbeck, camus ou kertész, a primeira palavra que me vem à cabeça é optimismo
Publicada por pedro vieira em 2.10.08
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4 comments:
ui! :D
Aproxima-se a entrega do Nobel e começa a asneira. Pelos vistos, este anos é JPC que inaugura a época do botar paleio analfabeto. Eles não lêem mas depois gostam de escrever umas coisas.
De Roth (Philip)li a Mancha Humana e até admito que seja um dos seus livros mais fracos. mas, se o resto da obra do norte-americano é do mesmo género, arrisco-me a dizer que os defensores da sua causa para o Nobel devem ter lido muito pouca cosinha.
Bem escusam de acrescentar companhias como Joyce ou Borges(ainda não li Nabokov), pois vê-se bem que também nunca os devem ter lido. De contrário percebiam bem a distância que vai entre estes uns e o outro.
Desdenhar Saramago ou Grass em detrimento de Roth mostra que não percebem o que quer dizer criar um imaginário autónomo e próprio ou apresentar uma originalidade de estilo. Mostra também que nunca leram Saul Bellow, esse sim um enorme representante do judeu em crise existencial enquanto tema central de uma obra.
Roth escreve bem. Até é um bom escritor. daí a ser mais merecedor do Nobel do que dezenas de outros que aí andam, ou a denegrir outros por não levar ele o Nobel vai uma grande distância. Os senhores não têm uma biblioteca em casa?
Principalmente, Beckett com o estropiado Molloy e as suas pedras... é de um optimismo digamos que, suicidário...
Pedro, é usual, por esta altura, apontar-se a ausência de Joyce, Nabokov e Borges do galardão Nobel que premiou Churchill, Cholokhov, Morrison, Fo, Gordimer, Pinter e quejandos. Poderia acrescentar, porque os conheço bem (para além do terceto anterior) Proust, Musil, Walser, Pessoa, H. James (sim, morreu em 1916), Bulgakov, Rilke, Woolf, Bernhard (Kafka não vale porque a parte principal dos seus escritos foi publicada postumamente por Brod) [nota: li obras de todos os autores mencionados, excepto de W. Churchill].
A obra de Roth é esteticamente soberba e de uma consistência impressionante (A Mancha Humana é talvez um dos seus romances menos bons), mas não premiar DeLillo é um atentado à literatura, principalmente na companhia dos últimos galardoados (e quem fala nestes dois não pode deixar McCarthy, Pynchon e Updike de fora). Conheço razoavelmente bem a obra literária de todos; todos nasceram na década de 30 do século passado; nenhum é eterno, e depois este exercício da nomeação das injustiças ficará para as gerações vindouras... os nossos filhos perguntar-nos-ão [toque dramático].
Um abraço,
André
Já alguém reparou que é impossível o acto de premiar todos os escritores premiáveis? Pq esta insistência tola no exercício fútil de indicar as injustiças do prémio?
Assim de repente, para além dos vários nomes sugeridos por AMC lembro-me de dezenas de injustiçados.
No ano passado fiz uma grande lista de prováveis vencedores em 2007 que enviei para amigos. Gente que não envergonharia o prémio, e que em muitos casos nem me interessa nada como gente de letras.
Claro que acertei na vencedora (embora eu nunca a escolhesse) e este ano alguns dos meus nomes já não podem ganhar pois morreram entretanto(Claus, Gracq, Mailer, Robbe-Grillet). Se se recuar, a lista de injustiçados relativos engrossará até aos milhares.
AMC lembra, bem, que Kafka é quase todo póstumo, mas ajunta Pessoa à lista dos esquecidos pelos suecos, esquecendo-se que nem por cá estava razoavelmente publicado antes de 1935 [nobel póstumo como (não) se sabe,apenas para Karlfeldt].
Outro mau exemplo é o de Churchill (vencedor de que os críticos da academia sueca se esquecem sempre quando a acusam de esquerdismo), um bom escritor cujas memórias se enquadram muito bem nos critérios de premiação definidos pelo Nobel.
Fo e Pinter são dos grandes dramaturgos da segunda metade do século XX (para juntar só um americano, ainda não premiado, posso juntar o Sam Shepard?)
(sou o anonymous de 3 de outubro)
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