© rabiscos vieira

um mimo a actuação do Dave Douglas aqui há um par de dias no jazz em agosto, cortesia do arménio gulbenkian, nunca lho agradeceremos suficientemente, as in heaven as in hell, no Colombo ou onde estiver, o douglas e mais quatro, fórmula injusta, o douglas, mais o bonilla, manejador de trombone de varas e persona algures entre o cubano de miami e o chefe do cartel de cali, mais o preto e esquálido chancey na trompa, mais o waits a saracotear baquetes e vassouras e o que diabo quisesse na bateria, mais o rojas a tocar a sua tuba, fon-fon-fon-fon, a fazer as vezes de contrabaixo mas em sopro, ainda por cima pondo a boca em instrumento emprestado graças aos extravios da companhia de aviação, além de barbudos mal-intencionados poderá então haver um mega-instrumento de sopro à solta nos aeroportos, a rodar nas malditas esteiras, mas tudo acabou em bem, o Brass Ecstasy soprou na perfeição, deu espaço a humorismos e casou bem com os aviões que sobrevoam a zona da praça de espanha, o ambiente urbano a casar com o som e etc, mais a improvisação estimulada pelo vento lisboeta que tratou de atirar as pautas em todas as direcções, queres guidelines vai tocar beethoven, parecia dizer a brisa de agosto um bocado mais fresca do que o absolutamente necessário.

O auditório aplaudiu de pé, forçou o duplo encore e quando percebemos que o guru Rui Santos campeia na primeira fila rente ao palco já não sabemos se a ovação era dirigida ao Douglas e companhia se ao opinion-maker desportivo que mais tenta pôr o dedo na ferida. Ou a boca no trombone.


em stereo

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