dos comportamentos compulsivos

há uns anos atrás - ou como se diz na terra da minha mãe "aqui há atrasado" - quando eu trabalhava no eixo entre-campos/avenida 5 de outubro ouvi contar uma estória dramática, expoente máximo do acaso-filha-da-puta. Um senhor que lia distraidamente um livro, encostado a um prédio, sofreu morte instantânea por ter sido atingido no crânio por um semáforo. Numa improvável cadeia de acontecimentos dois carros chocaram violentamente na avenida, um deles despistou-se e embateu no tal semáforo que, por sua vez, fez o que se sabe a um anónimo desprevenido e inocente de chaparias amolgadas.
Os mais simplistas diriam "ler faz mal à cabeça" mas eu vejo neste episódio um dedito de paul auster, mesmo que com unha encravada, e como tal não só não acreditei no dito aforismo como hoje fui gastar o que não podia à muito fantasmagórica feira do livro. Tendo mantido a cabeça intacta verifico que o meu magro saldo é que está clinicamente morto.

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