aterraram, lançaram luz e decibéis sobre os indefectíveis e partiram como se nada fosse, no seu OVNI made in boston, deixaram à míngua a legião que queria mais tareia, foram inúmeros os que foram gritando "toca-as todas", tarefa ciclópica irrealizável, aliás este era bicho que só dispunha de um olho e esta fanfarra tem-nos em abundância, quatro pares que fitavam a histeria de um batalhão de trintões acriançados, qual Luis Miguel Oliveira perante uma gulosa mise en scène.
Nota-se que a quadrilha envelhece e logo eu que cada vez acho mais piada à aura "estamos-com um-ar-bizarro-à-brava-não-nos-confundam-com-estrelas-pop-com-cabelos
-estudadamente- desalinhados-à-strokes" até suspiro de alegria e comoção, menos cabelo, mais quilos e as navalhadas na guitarra não vacilam, a bateria metronómica, o baixo musculado de kim deal, cada vez mais obesa e sorridente, canta o Gigantic e percebe-se porquê, toda a sua postura esbarra no dito adjectivo. Ao meio o gordo Francis, dominador, pose de quem não faz pose mas que ainda assim a faz como quem posa [piscadela aos raciocínios à Nogueira Pinto], careca suada, garganta preparada para berrar sem evidenciar rouquidão imediata, não se lhe pede outra coisa, queremos que seja o domador por isso todos gritam Tame, Tame, Taaaaaaaame, os segredos do rock estão nesses dois minutos, por aqui não passou a onda progressiva, fica tudo mais junto ao osso, que se quer rijo. Na extrema-esquerda o sempre cool Santiago, definitivamente de cabeça raspada, já nos inícios de 90 se fazia notar a perda da pilosidade em ademanes de frade da costa leste e o tipo, sábio, acabou com as mosteirices e concentrou-se nos pedais de efeitos, dos de bicicleta é que ele não precisa de todo, afinal os passeios resumem-se a descer do Tigre para o Eufrates e os pneus da pasteleira dão-se mal com o areal. No fundo, de batida omnipresente, o discretíssimo Lovering cada vez mais à vontade na sua nova pele de entertainer, ui que agora finjo que tenho uma tendinite e não posso martelar mais a tarola, estava só na palhaçada, ainda tem tempo para sussurrar a solo all I'm saying pretty baby, candura, ar de reformado em Miami com camisa, colar e óculo a condizer, um pândego que ainda afaga o rock n' roll, houvesse mais assim pensa a multidão ululante. Suei desgraçadamente, fará bem à perda de peso e ao músculo, fará menos bem à escoliose destro-convexa, quem me dera que tivesse a coluna torta mas para a esquerda, enfim, só uma maleita involuntária me faz escarnecer do caminho da felicidade e dos amanhãs que cantam, roucos, claro, que de berrar sei eu mas resguardar as cordas vocais é para o menino mistério cabalístico.
Trôpego e rouco, dizia, com encontros inesperados à saída, não faltou assunto de partilha afinal de contas desfilaram 27 pérolas, uma por cada euro, sabe bem o dinheiro bem gasto e ontem, 20 de julho chamou-se assim: bone machine, crackity jones, broken face, levitate me, cactus, is she weird, gouge away, caribou, river euphrates, nº 13 baby, subbacultcha, planet of sound, u-mass, debaser, monkey gone to heaven, gigantic, where is my mind?, vamos, wave of mutilation, hey, tame, mr grieves, ed is dead, nimrod son, la la love you, dead, here comes your man.
Devastating, digo eu, que sou parcial.
crónicas ortográficas de um alfassinha # 6, especial fanático
Publicada por pedro vieira em 21.7.06
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3 comments:
Excelente, Pedro.
Wish I was there.
Agora vai uma de um típico invejoso - que como não esteve presente tem sempre de botar um defeito - não havia necessidade de terminar com aquela canção...
Excelente crónica!
Um abraço Velouriano - também faltou, aliás houve pouco Bossanova,
André
Looks nice! Awesome content. Good job guys.
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