crónicas ortográficas de um alfassinha # 7, especial fashion victim


depois de uma semana regada a kanye e pixies nada fazia esperar um epílogo de sábado com os Strokes à beira-rio, ventosa e um pouco carente de mole humana, tanta é a oferta e ganância de organizadores, que isso de a empresa se chamar música no coração já foi rock que deu uvas, no lugar do miocárdio vai antes reluzindo um cartão de crédito e dos gold. seja como for, telefonema providencial, entrada grátis prometida, compasso de espera na entrada com os fundilhos junto à calçada a ver se chegava o meu messias agraciado num passatempo, eis que vejo chegar o Sérgio que não via há largos meses mas que vai dando avultadas notícias de si no muito recomendável auto-retrato, desculpe-se a grafia com minúsculas mas é prática da casa e eu sou animal de hábitos arreigados, a blogosfera move-se pelos decibéis e isso só pode ser bom sinal. Ainda na antecâmara vejo passearam-se os habituais gorilas da segurança - de quem? - um particularmente embrutecido e falho de capilares com t-shirt preta a condizer, veja-se a tatuagem na perna direita à boa maneira skin, escudo e quinas e lembrança de 1143, só lá falta o amor de mãe, Dona Teresa não se chamará concerteza, essa mereceu foi tabefes São Mamede que o testemunhe, engraçado como num concerto com uma banda que vai buscar o nome aos AVC's haja gente que pode nunca ter tido um mas cujo cérebro parece evidenciar as sequelas de um acidente do género, malvado fado lusitano. Mas adiante que aquilo trata-se de música, perco as primeiras bandas do alinhamento, vislumbro à distância o sucedâneo de uma de bandas chamado Dirty Pretty Things e não percebo o que é que o Pretty tem a ver com a prestação, e eis chegada a hora dos actores principais. Afiambram-se à audiência com juicebox, quem dera a muito bom rockeiro ter uma malha destas para espremer o sumo do público pelos colarinhos, e de seguida alinham-se uma série de faixas fiéis ao nunca fora de moda baixo, guitarras, bateria, aliás de moda percebem eles veja-se os cabelos sabiamente desenhados, os all star na pele de mitos urbanos, o negro predominante na fatiota de pó de estrada transformada em avião climatizado, excepção feita ao baterista Moretti que pelos vistos perdeu a bagagem, teve de trajar de vermelho, serviu de farol no ritmo mas a supremacia foi das seis cordas. Casablancas estava in the mood for talking, com este nome de família e as referências a Lisboa faz lembrar aquele que disse que isto pode ser o início de uma bela amizade, só foi pena arrancarem em 2001 e aterrarem aqui em 2006, um intervalo que podia ter refreado ânimos mas a generosidade da pátria lusa é enorme, venham de lá esses ossos nova-iorquinos, que o last night ainda é uma malha do catano, nós em troca damo-vos o Cachorro Psicológico, assombração que há uma dezena de anos campeia em festivais e queimas de fitas, entidade aliás a que o frontman não ficou indiferente. No último terço da esgalha o momento de xarope ask me anything, acompanhado a orgão mágico, cortesia mellotron, encerrado com um autoritário "no more fancy pantsy intellectual shit", voltam as guitarras e o ulular do povoléu, os bófias de NYC são uns totós, são doze e cinquenta e um e já me podes ligar que eu sou grande, a muralha de feedback aperta, aproxima-se o final e a maralha responde com aplauso e sorriso de satisfação, afinal o rock anavalhado ainda faz a sua gracinha, os rapazes comportaram-se bem. Os papás adoptivos Reed, Cale, Tucker e Morrison haviam de ficar orgulhosos.

2 comments:

Anonymous said...

Tive dois colegas que insistiam em brindar-nos com o 1º album até à exaustão.Com tanta galhofagem e música dos Strokes fui obrigada a gostar.Com este grande concerto apercebi-me que estes modernaços do rock são a minha banda favorita.

Anonymous said...

Here are some links that I believe will be interested