roupa preta, buço e um burrinho

acabo de jantar com a minha mulher no costumeiro Star of India, restaurante aqui do bairro com uma produção de flyers publicitários equivalente ao abate de meia amazónia. entrámos em conversa tripartida com mais duas mesas. numa jantava sozinho um cingalês emigrado nos EUA, sotaque impoluto de subcontinente indiano, qual Mr. Apu dos Simpsons. noutra um casal de noruegueses prósperos [redundância assumida] com o seu rebento a rondar os 8 anos. a matrona viking já cá tinha estado em 1984 e antes de fazerem as malas há duas semanas avisaram o filhote "agora é que vais ver como és um norueguês mimado, vais ver como vivem as pessoas pobres". A senhora contava reencontrar em Lisboa as enormes manchas de barracas que tinha vislumbrado há 20 anos atrás. afinal foi "disappointing", disse ela.
eu digo que Lisboa ganhou em dignidade o que perdeu em potencial pedagógico. pelos vistos o nosso maior problema será sempre com a Educação, mesmo que seja a dos outros que contavam connosco para um cheirinho a favela.