memórias e botas da tropa # 9



há um certo charme em acompanhar na adolescência o percurso do punk mais hardcore cantado, ou diria melhor "berrado" em português. era estimulante perceber que a nossa estimada língua, responsável pela adulação a inúmeros poetas, também servia para falar da vida a ritmo de camartelo. há um disco ao vivo dos Ratos [encurta-se assim o nome para dar um ideia de cumplicidade, como fazem os fãs da "recherche"] que fazia as minhas delícias, sabia de cor todas as deixas entre-músicas, pérolas de subtileza como a que se referia a Tancredo Neves como o "ex-presidente que arde nas profundezas do inferno". já vai longo o comentário nesta rubrica, daqui a pouco a leitura deste texto de apoio dura mais do que o clip aqui revelado. termino dizendo que ainda sinto um certo carinho por joão "gordo", cara de miúdo em corpo punk anafado que, precocemente doente do coração, chegou a a dar um concerto na incrível almadensenos anos 90 sentado numa cadeira e apoiado numa bengala. a alcunha óbvia fica-lhe [quase] a matar, mais de La Palisse só aquele actor a quem chamam António "Feio".

1 comment:

Anonymous said...

Estive nesse concerto na Incrivel Almadense e curti imenso. Entretanto o punk continua a rasgar e os Ratos também, o gordo já não está gordo, fez uma lipoaspiraçao. Tudo se transforma mas a essencia mantém-se.
Cumprimentos
www.notasenroladas.blogs.sapo.pt