o código galopim

a natureza idiossincrática do mestre da vinci fez com que um anónimo do alabama ou do connecticut ou coisa que o valha pudesse empochar milhões com um policial, devidamente franchisado para cinema e afins. da vinci distinguiu-se por ser um homem dos sete instrumentos - pintor, arquitecto, escultor, inventor, engenheiro, gastrónomo, anatomista, entre outras curiosidades. mas não é o único. o meu hábito de comprar o DN à sexta-feira por causa do suplemento "6ª" [não há quem me tire o gosto por suplementos do entretém] proporcionou-me um lampejo de um leonardo para o século XXI, o século da plena sociedade da informação: nuno galopim. na qualidade de editor assina o editorial, claro. ah e tal, ficção científica, diz ele. com o mote dado avança para o artigo de fundo relacionado com a matéria destacada. galopim faz o enquadramento do fenómeno, a FC enquanto espelho da humanidade ao longo dos tempos, sua historiografia, suas implicações gerais, seus intérpretes marcantes, seus caminhos de futuro. não encontrando outras assinaturas de gentios da redacção suponho que galopim seja o responsável pelas seguintes três páginas de sugestões literárias, ancoradas em 11 autores especialistas do género. mais à frente o crítico literário nuno galopim analisa duas obras saídas para o mercado português, sendo estas as verdadeiras responsáveis pelo destaque dado ao tema no suplemento "6ª" desta semana. encerrado o capítulo de robôs e orelhas em bico reencontramos galopim, desta vez na pele de crítico cinematográfico, explicando-nos numa coluna as razões do murchar de almodóvar. mas eis que assistimos ao seu own private Volver - nova abordagem à temática sci-fi, vertente tv, alavancada pelo aniversário da saga star trek. galopim volta a assinar duas páginas de fôlego sobre o peso de spock e companhia na cultura de massas. num cantinho ainda tem andamento para apresentar as três caixas da série star trek já lançadas entre nós. agora fechámos definitivamente o capítulo das estrelas, phasers e maus cenários mas o crítico galopim volta à liça para zurzir numa série de terceira categoria sobre roma antiga, recentemente lançada em dvd. das naves espaciais às quadrigas de coliseu o escriba veste a toga e devasta. pois nesta fase, o leitor atreva-se a deitar-se a adivinhar - galopim dará mais sangue para esta edição? a resposta é sim. falta ainda analisar pelo seu prisma musical a banda sonora de um documentário dedicado ao homem cavernoso leonard cohen. e ainda assestar mais umas penadas para explicar a pobreza do dvd-documentário "shadowplayers", dedicado à factory e ao pós-punk de manchester. chuteiras penduradas? nããã... falta ainda a coluna trolaró para falar sobre o mercado de música digital e o logro dos downloads do gigante universal. ao menos desta vez nem sequer se falou da vertente biógrafo do chefe, como no triste episódio do destaque ao calhamaço sobre o sérgio godinho.
caro leitor, explico-me. o que me assusta nesta demonstração de leonardismo [e o que eu me pelo por usar palavras inexistentes] é que, mais dia menos dia, nem os colunistas de opinião do "6ª" escapam. ainda havemos de poder degustar a coluna "lugar" de josé maria vieira mendes POR nuno galopim. aí sim, cumpre-se o pleno do nosso editor-pai dos povos.

7 comments:

Anonymous said...

Galopa com um olhar especial para o mundo:)

Daniel said...

Já para não falar dos textos quase copiados de outros jornais e revistas que eu cá sei. Na verdade ele não se contenta com um suplemento inteiro do DN, ele quer ser todas as publicações. Qualquer artigo decente deve terminar em «Nuno Galopim». Se está noutro idioma e se vem assinado com outro nome só pode ser um erro grosseiro que merece ser reparado sem hesitações. Ao menos espero que ele copie a prosa com letra bonitinha pois o pior de tudo é desiludir a antiga professora primária.

Imagino que não deva ser fácil sobreviver numa ONG (Organização Não Galopim)


Nuno Galopim

Anonymous said...

esse e aquele gajo q parece o Medeiros Ferreira? q consegue olhar para a camara 1 e p a camara 2 ao mm tempo?

foi pelo gloria facil q entrei,desculpa o atraso

pedro vieira said...

não faço juizo físico do galopim, não é disso que se trata aqui, mas confesso que gosto muito dessa expressão, "câmara 1, câmara 2", uso-a amiúde.

Anonymous said...

galopa o Galopim quando, como e quantas vezes quiseres, mas deixa-te do "fez com que". O "com" está a mais, para os lados do Vergílio Ferreira (não, não é elogio). "Fez que" chega.

pedro vieira said...

eh pá longe de mim atirar postas de pescada de gramática e outros demónios mas julgo que a fórmula "fazer que", embora igualmente correcta, é mais utilizada com o sentido de "fingir" algo. a fórmula "fazer com que" estará mais ligada ao provocar de uma situação. é uma questão de investigar mas a problematização de um assunto desta natureza pode arruinar a reputação do irmaolucia.

Anonymous said...

Vely good!
Acho que o homem deveria ser rebaptizado: canivete-suíço, ou robot-de-cozinha-agora-também
multi-funções-desculpem-me-por-violentar o-vocábulo-escrevia-eu-funções-jornaleiras.
Posta bem ao meu gosto, jorrando sangue, como a outra apetitosa para lá dos montes, hummm..., delícia, mal-passada!