wolf like me

há uma coisa que me intriga na relação dos nossos media e da populaça leitora em geral com o lobo antunes, aquele que escreve, o fanfarrão com pouca noção de si próprio acarinhado como um são bentinho da porta aberta, tal é o corrupio de gente de gravador em punho que lhe entra pela casa dentro de cada vez que lança mais um tijolo de descaramento à cara dos portuguesinhos que ele tanto gosta de dissecar. não se trata tanto da aura de ex-combatente que o legitima social e literariamente, coitado do senhor doutor, viu muito sofrer e ganir, tantos milhares que vieram com os miolos fodidos e a esses acarinham-nos as tiradas populistas do portas no meio das promessas de pensões e dos e vivas à pátria que era tão grande com os pretos debaixo do calcanhar e agora parece do tamanho de uma toalhinha de praia. também não me intriga muito a complacência com a fanfarronice, nome pelo qual também é conhecido o síndrome de ministro da informação iraquiano [vide o caso josé mourinho, indivíduo com melhores resultados e menos referências a naperons e a minas anti-pessoais, e prometo não interromper mais para compromissos futebolísticos]. o que me desconcerta mesmo é a pretensa pose de submisso do autor à entidade imaterial LIVRO, que nas palavras do lobo, repisadas nas últimas 157 entrevistas exclusivas que deu, ou melhor, concedeu aos restantes mortais, o tiraniza, o subjuga, sendo que o resultado da sua prosa é o resultado daquilo que o livro lhe comanda, a mão limita-se a seguir o que está determinado, cheira-me que se houver alguma repartição dos clichés literários isto deve andar pela gaveta 23 da secção b. a fazer fé neste modus operandi quer-me parecer que o método literário do lobo, glosado e incensado ad nauseam, é uma espécie de versão blasé do método alexandra solnado. sucede apenas que o lobo vai a vernissages com passadeira vermelha e jantares com 18 talheres. a alexandra, injustiçada, fica-se pelos programas da tarde na tv, mas garanto-vos que o jesus não trata o lobo por cabrita e essa superioridade moral e imaterial já ninguém lha tira.

5 comments:

Unknown said...

Irrita-me a figura de Lobo Antunes, o estilo de entrevistas que dá e essas merdas todas.
No entanto, é um bom escritor. Tem uma narrativa densa como gosto.
Por isso discordo de grande parte das apreciações feitas.
Mesmo assim: que grande texto!
Li-o duas vezes só pelo gozo! Muito bom!

Ricardo Machado said...

Essa teoria da inspiração iluminada por uma força desconhecida já remonta ao dia de S. Nunca à Tarde.
Quanto ao teu texto, acho que deveria ocupar o lugar de outros feitos por cronistas e escritores de renome da nossa "toalhinha de praia". Muito bom!

Anonymous said...

on the other hand, tv on the radio kicks ass

Mazinha said...

fosga-se, eu começava a acreditar que era a única a não poder com a personagem... irmão no seu melhor!

Aladdin Sane said...

I was a lover...