com o meu vestido preto nunca me comprometo

o bem que sabe glosar a ivone silva, ícone dos oitentas e dos anacronismos, passe a redundância, referência do sabadabadu eivada de sabedoria popular, que já agora os interpol seguem de forma sábia. por mais angus young que nos soe o guitarrista solo não encontramos nele os calções, só fato escuro, nas teclas um clone do chiquito, side-show bob dos catitas, trajado de respeitável fato escuro, um baixista poseur à jp simões mas com tais tento na pêra e fato escuro, na bateria um protótipo do rufia das docas britânicas e cinzentas, geografia que não é estranha a estes nova-iorquinos a quem não vou cometer a desdita de relacionar com os joy division [foda-se, agora já está], de show profissional alicerçado no fiável negrume percebem eles, o vocalista de escuro dos pés à cabeça, claro [escuro?], a audiência conquistada a priori a reagir a todos os primeiros acordes com júbilo, como quem saudava as inúmeras reposições do há petróleo no beato, tudo muito eighties, o solnado há-de cair-nos sempre em graça mesmo que já conheçamos todo o desenlace, os interpol também, evitaram a metade do ditado que os podia tornar só engraçados. cumpriram. foi um bom concerto, competente, mas se for a avaliar se fiquei preenchido só me lembro dos croissants panike, um tudo nada insuflados pela apresentação, um tudo nada decepção no trincar. já não há vísceras em palco, só garrafas de água zero trinta e três. e ninguém me tira da cabeça que a voz aflautada que o banks revela ao vivo é engordada em estúdio à base destes ultra-congelados.

1 comment:

Ricardo Machado said...

Pois não achei mau, o concerto. Estive a ouvir melhor as últimas músicas da banda e reparei que o tipo ultimamente canta mais fininho. O registo Ian curtis dos primeiros deve ter sido abandonado.
Quanto ao "look dark-clean" impéc, só imaginava o vocalista a engomar, juntamente com a camisa, também o cabelo.

Afinal eras tu que estavas lá! Bem me parecia.