a singular importãncia dos picadores de ponto
é chegada a hora de abordar no sinusite a importância do funcionalismo público, independentemente de sindicalismos ou manifestações com bater de tachos, bonecos enforcados ou gente de rio de mouro [props pró pessoal] com máscaras do sócrates. a demagogia daqueles que defendem a presença mínima do estado na vida à portuguesa não se combate apenas lembrando o facto de os polícias, as forças armadas, os guardas prisionais, os médicos, os enfermeiros, os professores constituirem o grosso do funcionalismo, gente sem a qual não se deveria poder passar. a não ser, claro, que sejamos pretos a beber uns copos na rua e nos queiram levar constantemente à esquadra para averiguações, já que estas envolvem com frequência toalhas molhadas no lombo ou escorregadelas suicidas no duche.
sucede que por baixo da asa de cada funcionário público poderá estar a germinar um génio desaproveitado e portanto lanço daqui o alerta. nem todos os filhos de assistentes administrativos de primeira poderão ser artistas de primeira água. talvez se fiquem até pelo wrestling com professores. mas entre eles poderão existir almas criadoras dignas de carinho e estímulo e para isso nada melhor que contar com progenitores que nunca poderão ser despedidos, mesmo que assassinem selvaticamente o chefe de secção. na pior das hipóteses poderão ser alvo de um processo disciplinar por darem um uso não regulamentar à pistola de agrafos do antunes, que quando sai da dgci/mf às quatro e meia ainda faz uns biscates que pagam o plasma a prestações.
pois bem, o apoio e segurança do núcleo familiar podem ser decisivos, e há casos brilhantes que o comprovam. por exemplo, michelangelo buonarroti, autor de inúmeras obras-primas, estucador e pintor de interiores, trolha de mármores inesquecíveis, nunca poderia ter exercido o seu mister se lourenço, o magífico, todo-poderoso e autoridade máxima de estado em florença, não tivesse convencido o pai do jovem génio em potência a deixá-lo ingressar numa loggia de artes e ofícios, oferecendo-lhe como contrapartida um emprego como guarda-fiscal. ludovico lambeu os beiços à benesse e às senhas de almoço e permitiu que o filho se dedicasse às bichices das artes e corpos nus, entre outros molhos de brócolos. ora se a capela sistina ou similar não vale bem o contributo de todos para a adse, então não sei o que é que vale. o caro leitor pense nisso antes de cuspir no próximo funcionário que lhe aceitar o irs.
texto publicado no blogue colectivo sinusite crónica
Publicada por pedro vieira em 15.4.08
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
No comments:
Post a Comment