verter águas

vertia as minhas águas a meio da manhã de mais uma jornada de centro comercial quando se abeira do urinol imediatamente à esquerda um burgesso dos infernos, que cospe à boca cheia para a porcelana antes de alçar da mangueira, e eu todo um sentimento de dilúvio, e fujo, e no espelho em frente ao qual lavo as mãos dois segundos após ter perdido o apetite até à próxima segunda-feira, leio "bocaj & bocaj", que é como quem diz
"jacob & jacob", grafado nas costas da t-shirt da alimária, todo um je ne sais quoi de antigo testamento, de moisés de subúrbio, e eu a pensar que quando for hora de encher a arca da aliança com os casais que garantam amanhãs que cantem, ou que cuspam, que espécie de fêmea vão desencantar para este meu duplo, versão loiças valadares? temo bem que o charles darwin não tenha previsto tal evolução e que o dito acabe desirmanado. e aliás, dizem que o barbas das galápagos sempre se deu mal com personagens da bíblia.