enquanto aqui o rapaz completa dois anos redondos sem tomar o gostinho a férias, derivado ao facto de durante esse tempo ter sido despedido* e ter-me despedido**, e o caralho a sete uma série de vezes, que eu tenho perfil para ser enrolado, dou para o redondinho e é fácil enfiarem-me num tapete qual cleópatra da c + s pedro de santarém, a minha toniciganita laureia a pevide pelo allgarve, tavira style, tendo empreendido uma curta viagem nostálgica a Quarteira com a sua mãe. aqui fica o relato, sentido:
Das terras de Quarteira nem bom vento nem bom sentimento
Nem sei bem por onde começar... quando uma algarvia nascida na cidade de Tavira suspira com ar nostálgico quando fala em QUARTEIRA algo vai mal. Neste caso, só é perdoável porque se trata da minha mãe. Às mães tudo se desculpa, inclusive o manifesto desejo de visitar Quarteira numa tarde de quase 40 graus. Tudo bem. Não custa nada. Eu própria que sou muito crítica em relação a este Algarve nunca estive em Quarteira, à excepção das paragens de 5 minutos na viagem Lisboa-Tavira em AutoPulman. Muito bem, então aqui vamos nós. Durante a viagem lá a minha mãe me foi falando dos tempos, há 45 anos atrás, em que o meu avô trabalhava na exploração de minério na serra algarvia numa pequena localidade chamada Branqueira, perto de Quarteira. Bem pequena, a minha mãe passeava pela mão do pai junto ao mar de Quarteira e iam parando pelas várias tasquinhas que existiam à beira-mar e que vendiam peixe seco. Ainda alertei a minha mãe pela minha experiência/desilusão ao ter visitado Monte Gordo após 25 anos. Ainda lhe disse que vale a pensa guardar as nossas recordações de criança, blá, blá... Lá acabou por me dizer que queria ir porque toda a vizinhança tece rasgados elogios aos bares, à praia, a Quarteira na generalidade e que ela na sua ignorância não pode apresentar os seus argumentos.Também eu li Paulo Coelho para poder criticar à vontade.
Chegadas a Quarteira, após uma sucessão de rotundas ajardinadas qual Miami, lá fomos seguindo as placas e entrámos na famosa avenida da estação rodoviária. Ladeada por prédios de 8 andares e com uma arquitectura a piscar o olho à tradicional o gosto é muito duvidoso. Passámos por uma zona de ruas estreitas e onde as antigas casas algarvias, agora em ruínas, esperam reencarnar em apartamentos com acabamentos de luxo prontinhos a alugar à quinzena. Com olhar apreensivo a minha mãe lá quis visitar a zona da lota do peixe e do mercado, que segundo ela se mantêm iguais, os edifícios, porque à sua volta os estaleiros de obras, tapumes e uma mega-construção de betão é coisa da modernidade. O objectivo seguinte foi estacionar em pleno "calçadão". Parece que é aqui que se concentra toda a movida de Quarteira, pelo menos a que não exige dresscode e consumo mínimo. Quarteira é a nossa Acapulco: prédios de 8 e 9 andares até à beira da água; areal reduzido; mar azul e parado; areia grossa e escura; pizzarias e restaurantes tandoori; tendas especilizadas em biquinis e geladarias com taças de formas e cores tropicais. Progredindo no calçadão dou connosco no Brasil: tendas para venda de caipirinhas a debitarem Ivete Sangalho; raparigas desnudadas com panos coloridos enrolados à volta da cintura; havaianas nos pés; e o sotaque brasileiro como som de fundo. Com o calor a apertar lá escolhemos um destes bares para tomar um refresco. Escolhida uma mesa à sombra esperámos contemplar o mar enquanto bebíamos a nossa água com gás. Engano. Ao longo de todo o calçadão existe um murete de cerca de 50 cm que separa a praia do mesmo. Ora estando na esplanada, o mais que podemos ver é o topo dos chapéus-de-sol de cores garridas. 3€ depois (duas águas) lá decidi tomar coragem e perguntar à minha mãe o que estava a sentir. Ela lá foi dizendo que vinha por ali com o meu avô e que paravam nas tasquinhas... e que na altura Quarteira era muito bonita. A minha mãe não sofre de qualquer descompensação psiquiátrica mas percebi que preferia manter aquela recordação dos seus passeios com o pai.
Este é o meu relato de um passeio em Quarteira: vi prédios altos; ingleses obesos e fustigados pelo sol que ali chegam num qualquer charter de uma lowcost com um programa de 8 dias num dos hotéis à beira-mar e com todas as refeições pagas; portugueses de todas as idades que falam ao telemóvel enquanto comem um burrito; enfim, o verdadeiro Allgarve dos apartamentos to rent, do golf, dos jogadores de futebol e do Estádio do Algarve, ali tão perto.
Prometo nunca mais me queixar do Macário Correia, das suas intervenções urbanísticas e da falta de agitação da cidade de Tavira. Nem tão pouco voltarei a amaldiçoar esta ria Formosa que se coloca entre nós e a praia paradisíaca e onde sentados na esplanada podemos olhar o mar e se nos voltarmos para trás podemos ver lá muito, muito ao longe as baixinhas casas brancas com a barra amarela.
* o leitor desconfie sempre de estruturas municipalizadas dirigidas pelo psd; mais tarde ou mais cedo é-se varrido na enxurrada dos boys. and girls.
** o leitor desconfie muito das livrarias com Y no nome
enviada especial
Publicada por pedro vieira em 19.7.08
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4 comments:
Almedyna?
na mouche, tubarão. ou não.
Saudades da Quarteira de uma marisqueira no meio das barracas cheia de neons em que se atacavam gambas aos som constante das moscas a serem eletrocutadas. Não desesperes Irmãolucia. Se tiveres as férias que verdadeiramente mereces para o ano estás nas Caraíbas.
Foi na quarteira que travei conhecimento com Deus, ó Lúcia. Pensavas ter sido o único? Nada disso. Quarteira está abençoada e eu também.
(grave acidente - grande risco - duas semanas sem andar - fiquei pronta para outra - melodrama com final feliz)
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