olha a blusinha linda, é a quinhentos, é a mili, é a miliquinhentos


assistir a um espectáculo da fanfare ciocarlia é garantia de duas horas passadas a dar à perna sem pensar no défice, na euribor e nos tiros para o ar em portimão, sobretudo se a banda vem acompanhada de primos de outros acampamentos, espanha, bulgária e antiga república jugoslava da macedónia, assim mesmo por extenso para não irritar ainda mais os gregos que andam a sofrer de otto rehagel, dizia, a fanfare dá tudo, o público, conquistado à cabeça, também, sacode, balança, na iminência da invasão de palco, susceptível de transformar-se a todo o instante na feira de carcavelos, as tubas sopram, a massa ulula, fazem-se solos desajeitados solos de metais mas tudo com muita alma e força na bochecha, e tudo se incendeia com o par de odaliscas que vai não volta se balançam rés-vés a assistência, provando com os seus monumentais seios que o molico e o nido estão condenados ao fracasso em bucareste e arredores, e ainda pudemos escutar um par de flamenguitos, que não são queijo, a debitarem dores e maleitas em castelhano, fazendo das guitarras óptimas caixas de percussão sempre que sufocavam as cordas com afinco, até me fez lembrar a classe média à portuguesa, abafada e martelada na tola no meio de grande entretém, e ainda assistimos ao número vocal de um alienígena misto de zucchero e raul indipwo, isto se o nosso melhor amigo das colónias tivesse nascido à beirinha do mar negro, e para acabar de vez com a cultura quatro faixas, QUATRO, na voz da imortal esma redzepova, trinado de sonho dos balcãs a fazer esquecer o pretedente ao trono câmara pereira e o seu cavalo ruço, a esma vestida como quem vai adorar iemanjá mas nós é que lhe ficamos prostrados aos pés, rendidos à maré de entusiasmo, à espera que a avalanche tzigani se repita e que se possam sacudir as banhas sem pudor, inclusive até aos passeios da avenida da liberdade, local onde o concerto acabou com o respectivo rodar de chapéu para recolher umas moedas extra. encerrava-se o maior espectáculo do mundo e penso: onze ou doze contos para ir ver o cirque du soleil? foda-se, não se metam nisso. aqui até as fatiotas são melhores.

texto publicado no blogue colectivo sinusite crónica

1 comment:

Suzana com z said...

e assim falou o irmão!