do livreiro enquanto profissão que repousa entre a espada e a parede # 13

a moça entra encolhida, como que a medo, a fé pouca, a vontade muita, busca o tal do herberto helder, esgotado há meses, quiçá dias, mas resolve perguntar, e fez bem já que do negrume do armazém vem um exemplar de alguém que prescinde da sua reserva, aqui está, ela não acredita, as lágrimas sobem-lhe aos olhos e chora. e esconde-se instintivamente atrás de uma estante e volta a si em segundos para dar conta da sua incredulidade. ou felicidade, ou ambas, num rodopio. se isto não é o poder da literatura então não sei que caralho é.

8 comments:

Unknown said...

É a puta da moda!
Quando eu era adolescente, a semana passada, as miúdas choravam nos concertos dos Tokio Hotel, choravam por não poder sair à noite, por não poderem ter um guarda fato digno do sexo e a cidade.
Mas essa tua ingenuidade deixa-me sentido.
Já agora, se houver mais alguma por lá avisa.

pedro vieira said...

é sempre bom ver alguém a fazer paralelos entre os tokyo hotel e o herberto helder, significa que se percebeu a essência da coisa. se bem que esses moços alemães são ainda mais herméticos.

Unknown said...

Sabes que a poesia alemã tem essas características. Mas a descrição Rilkiana está lá.
(vá lá, estás com sorte que não te pus a beber a àgua suja do capitalismo outra vez)

Animal said...

eu costumo ficar assim com livros do sec XVI especialmente os saídos das fornalhas da Plantin-Moretus. Mas isso sou eu que tenho a mania.

Animal said...

...e disfarço as lágrimas e faço de conta que foi um cisco que me entrou na conjuntiva

Suzana com z said...

eu chorei convulsivamente quando o sr da loja me disse que "não, desculpe mas hoje não temos jack potato com coronation chicken..." mas também compreenda-se eu vivia em Sheffield, era verão e para variar estava a chover....acho que a isto se chama depressão

Anonymous said...

há aquela mítica do "tem livros da Sara Mago?"

Anonymous said...

Isso é que me lixa na mania do gajo de não reeditar. Uma Maria sovou-me por no arrastão ter dito que considerava reprovável esse hábito do poeta, que o artista era ele. Esquecem-se é que se calhar esta rapariga (tal como eu) nem era nascida ou ganhava dinheiro quando ele lançou a maior parte da obra. Agora nós não temos direito a criticar as opções do artista quando nos lixam a vida?