um chá no deserto, uma lagosta em lisboa

e eis que se materializa finalmente em questão de justiça uma das pontas do icebergue da câmara de lisboa, difícil será chegar à base gorda e anafada mas, nos entretantos, entretenhamo-nos com este cume da gebalis, empresa que gere as questões do realojamento da cidade e que quase foi transformada numa espécie de gigantesco guia vermelho da michelin suportado a cartão de crédito, eram outros tempos, não se falava no endividamento nem na crise do subprime, e a restauração e hotelaria ainda não pagavam as favas do encolher de carteiras. francisco ribeiro, mário peças, clara costa, trio de bons garfos e almofadas, muito talão assinaram por essa(s) cidade(s) fora, a bem da gestão do parque habitacional, da promoção da vivência saudável dos desfavorecidos, ou se calhar não, a bem do pecado da gula, shame on you francisco, amigo da opus menos interessado no mortificar da carne, mais interessado na degustação da mesma, e em fazer caridade, reconheça-se-lhe o mérito, em caso de dúvida é consultar os montantes das gorjetas. e mário peças, alcunhado por línguas maldosas de homem-rolha socialista, tal é a capacidade de boiar ao sabor das várias administrações que se foram sucedendo à frente do município. e clara costa, indicada expressamente pelo pequeno grande líder marques mendes, aquele que publicou o canhenho intitulado “mudar de vida”, a ver se a gente acredita, eu sou homem de pouca fé, quem estiver mais disponível para fazer coro com ele que se chegue à frente. temos então três indivíduos que trataram à sua maneira da coisa pública, expressão que se costuma utilizar para falar do que é de todos mas que tem um je ne sais quoi de ordinareco, daí as calhandrices que lhe fazem, à coisa, torrar uns cobres aqui, derreter outros ali, em viena como em lisboa, em marraquexe como em belfast, no rio de janeiro como em barcelona, se queremos gestores com vistas largas temos de lhes dar mundo, toda a gente sabe, gente bruta a filosofar sem sair do mesmo sítio (sim emanuel kant, esta é para ti) já não colhe. diga-se que as empresas municipais proliferaram como cogumelos e tornaram-se em belíssimas agências de emprego e lazer, os que lá defendem a coisa pública são meia dúzia de líricos, pá, como canta o zé mário, em vez do porrada e mal viver chegou-se à fase do gorjeta e bem comer, isto em estruturas que pretendiam combater o monstro burocrático da administração local que pede 50 ofícios e 160 assinaturas para se poder comprar uma resma de papel, e aquilo é de facto uma espécie de pesadelo, o kafka era um menino ao pé dos legisladores, agentes, funcionários, chefes de secção e contínuos que abundam por aí, se alguém da administração pública tivesse escrito “o processo” saía um romance em alíneas e formulários, não em capítulos, sendo que o final infeliz não mudaria nem um bocadinho. dizia então que o propósito da causa pública foi modificada (para não encalhar na palavra coisa e para fazer uma alusão discreta a um blogue com categoria), estes três ex-administradores são a face dessa mudança, ou deverei dizer a pança? comerem e beberem bem, dormirem melhor em belíssimos hotéis apalaçados e compraram o livro do bebé, o que é carinhoso e demonstra as preocupações com a baixa de natalidade na europa, que definha de velho em velho; mais, trata-se aqui de pessoas que levaram a cabo uma verdadeira política de promoção da família, veja-se o caso da clara costa, que se fez acompanhar do namorado luis silva nas suas viagens pagas a cartão dourado, esse mesmo luis silva, como tem aparecido nomeado na imprensa, conhecido noutros fóruns como luis gonçalves da silva, professor de direito e membro da erc, instituição que tanto tem andado na boca do povo, lisboa é de facto uma cidade pequena, um ovo de cordorniz, parece que toda a gente se conhece, e se há pouca gente à mão recorra-se à família pois então, olha ali a maria joão rocha, irmã do luis silva, mais o marido, mesmo à mão de semear, anda aqui organizar uns eventos para a gebalis cuja função é gerir as habita… esqueçam. a questão das habitações, da política social, dos imperativos autárquicos ficaram para trás, perdidas entre a lagosta e as navalheiras, o crème brûlée e o visque velho 15 anos, agora resta apurar o que se puder, levantar a mesa e pôr as toalhas para lavar, a ver se se apagam umas nódoas deste mundo que é a cml. e já agora abrir umas janelas, a ver se entra ar fresco, desde que um ou outro papel importante não voe para parte incerta. quem quiser enfiar o nariz no mofo pode consultar aqui o que se apurou. os links da imprensa coibo-me de os colocar aqui, começam a ser demasiados.

termino recordando que há umas semanas atrás, no programa eixo do mal, o meu querido amigo pedro marques lopes assegurava ser um descanso ter alguém como o luis gonçalves da silva na erc. agora dou por mim a concordar com ele, também acho que é um descanso saber que o luis gonçalves da silva está na erc, significa que pelo menos não está em marraquexe. em estilo cartão gold.

em stereo


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