lisboa em baixa resolução # 202, especial mcshade

homenagem é palavra que cheira a mofo, ou será a bafio, como perguntavam os outros, neste caso fez-se antes prova de vida do machado, que não corta a raiz do pensamento, antes fá-lo ginasticar, malhar nas paralelas e nas argolas da literatura, este machado que nos deixou há coisa de um mês e que deixou lastro. agarrado com letras e dentes pela assírio, que lhe passou o duraglit, que lhe devolveu o brilho, o dennis mcshade novamente em letras gordas, sem rififis ou colecções de algibeira, cada vez mais vazias, aliás, as das gentes cá do burgo. e nelas cabem livros cada vez maiores, e não me refiro apenas ao formato, reeditem-se então com classe, vestidos com capa de griffe joão fazenda, devolvidos ao convívio dos ignaros e dos curiosos, dos distraídos, dos sabedores e dos privilegiados, esses que já privaram com o mcshade e o seu peter maynard, pistoleiro armado ao pingarelho de sonatas e piscadelas literárias, e ainda bem, hoje evocado uma e outra vez no tal lançamento, onde não podia faltar o vasilhame com leite, não fosse o killer dar o ar da sua graça e não ter nada com que consolar a úlcera. o happening não se deu, o néctar bovino ficou intocado, já o de uva foi um gole que se lhe deu, acompanhado a chèvre de categoria e pão com côdea e salmão fumado do qual aliás ainda trago uma lasca nos pré-molares, como quem diz "estive lá quando lançaram o requiem, foda-se, e tenho um naco de peixe que o prova". a cada um os seus troféus. e viva o machado vivo, pois.