As palavras são. Mas também dizem. Sobretudo aquilo que queremos aferir delas, na nossa interpretação muito pessoal, sobretudo quando refluxos de memória vêm ao goto, sobretudo quando vêm polvilhadas de infância e ou puberdade, sobretudo já parava com esta repetição de uma palavra em forma de casaco que aqui serve outros propósitos que não o de agasalhar. Vem esta curta prosa a propósito do lançamento do último livro do Mexia, ali ao Incógnito, faz hoje uma semana. No dito - lançamento - veio à baila a palavra Gina, enquanto objecto significante de revista e de felicidade às mãos-cheias. E quem pertence a esta geração, bem como a outras imediatamente anteriores, nunca mais conseguiu isolar outras Ginas daquela em forma de revista, besuntada a papel couché e fotos de fazer inveja a uma grande angular. Conheço até uma muito querida (Gina), que explora um estabelecimento comercial no ramo da hotelaria, e que muito me custa enredar nestes baraços da memória selectiva. E enquanto o Mexia falava na Gina, e agitava o canhenho editado pela Tinta da China com direito a Scorpions na fronha, eu pensava noutro vocábulo que vai não volta me assola a cabeça: pachacha. Palavra rude, significado truculento, suficiente para gerar um casus belli de mal-entendidos aqui na bloga. Sucede que eu não vejo a pachacha assim (abrenúncio) até porque tão desditosa laracha servia para designar um indivíduo que ganhou a alcunha num dia em que disputávamos uma partida de futebol em plena rua e uma rabanada de vento o levou a morder o pó, que é como quem diz, o alcatrão. O desgraçado chamava-se Carlos portanto havia muita gente que o tratava por "pachacha" com notório alívio. Era magricelas e fracote e logo algum génio do quase subúrbio que é a minha zona de criação o apodou com referências pouco subits à feminilidade. E assim uma palavra guedelhuda é para mim motivo de sorriso e terna lembrança da puberdade em calções e ténis rotos da Fute, comprados no Guimarães da estrada de Benfica. Quanto a ordinarices ainda não estamos conversados, eu prometo. texto publicado no, I kid you not, muito recomendável sinusite crónica.
as palavras
Publicada por pedro vieira em 19.12.08
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8 comments:
numa conversa de mulheres, às tantas, alguém pergunta: na cama, o é que vocês dizem quando se referem ao "coiso"? Uma delas responde: Eu?! Digo... caralho. What else?
Na minha escola havia um tipo baixinho. chamavam-lhe minete, pois claro.
Grande Guimarães. O mais pequeno já fechou. Agora só há o grande. Estrada de Benfica forever!
Mas o livro do Mexia é um minete, será o próprio Mexia um minete???
Eu quero pedir as minhas desculpas, mas de vez em quando até eu que sou avesso à carneirada nas suas discussões, tenho de pedir que me expliquem.
Peço imensa desculpa Pedro, mas quem é esta gente toda que nos inunda todos os dias com a sua sabedoria, a sua superlatividade capaz de discutir desde pós-punk a paleontologia, passando pela paleografia gótica.
Desculpa Pedro mais uma vez, mas se calhar só tu me poderás dizer quem são eles. E quem mora na sua cabeça, na minha não faço a mais pequena ideia, porque se soubesse escrevia livros que fizessem lembrar aos outros minetes.
Um grande abraço Misantropo.
Gina evoca-me o mesmo, engraçado. Ainda que não a mesma história. Gostaria de ter ouvido o Mexia falar na Gina, é a conclusão a que chego.
É sempre bom ler pachacha num blog*.
*num blog dos meus, entenda-se.
sempre pronto a servir com garbo a clientela habitué
Pachacha, Bairro do Charquinho,jogar futebol na relva e torturar o Romão nas canas?Será possível a mesma história?
O Pmexia é Untuoso e faz poesia Untuosa ... será porquê?
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