no café que fica paredes meias com uma funerária e defronte a um hospital há uns croissants de rilhar o dente e chorar por mais, e eu debicava o meu ontem ao entardecer, na minha sexta-feira, é assim o calendário de um proletário por turnos, e lia com atraso de um dia a crónica de frei bento domingues, já que no dia anterior tinha sido domingo, que é como quem diz, quinta. mas eis que a conversa lateral me levanta os olhos do canhenho da sonae, o empregado dos óculos dizia é cortar por aqui, e simulava uma lâmina à altura da canela, daqui a dez anos esta parte toda, daqui para baixo, já foi para o galheiro, acontece muito por altura dos cinquenta, um gajo nesta vida está sujeito, só eu conheço três que foram imputados daqui para baixo, todos da indústria hoteleira, um gajo nesta indústria não se safa, o que vale é que agora fazem aquelas pernas espectaculares (balança, balança), que um gajo até faz corridas na pista (saltita, saltita), houve um que até tentou ir aos jogos olímpicos, garante o interlocutor, pois, um gajo há-de safar-se, pode ser que não aconteça, assevera o outro, olha, seja o que deus quiser, desde que um gajo não sofra. e eu a acabar de ler o frei bento que escreveu o melhor que nos pode acontecer em 2009 seria a perda da fé naquilo que nos perde nem nunca nos poderá salvar. falava do capitalismo mas eu já só pensava na gangrena.
ao balcão, do lado de cá
Publicada por pedro vieira em 6.1.09
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