um preto de carapinha e docinho, docinho

o que é bom nesta terra é que um gajo fode as solas entre mundos muito diferentes de um dia para o outro, se ontem raspava analogias entre cidades e literatura ao fundo do tacho da minha cultura preço-certo-em-euros-mas-em-mais-magro, hoje constato que nas analogias ninguém bate o povaréu do cartaxinho (que grande estabelecimento, caralho), senão vejamos, que é como quem diz, leiamos: ao fundo da sala três gerações, o avô com sangue no álcool, o pai com os olhos no inter x sampdoria, a mãe em estilo heroin chic mas com menos glamour do que o ewan mcgregor, cavalo marado não perdoa, é como a sida, o messi e o custo de vida, e na ponta a criança, que insiste em pôr a chicha na borda do prato depois de uma promessa de brigadeiro, barafusta, apressa a sobremesa e lá vem o doce, e quando a criança já o garfeia (isto existe?), vem o Chalana que pergunta então miúdo, estás a comer um eusébio? e faz-se luz na sala, o petisco tem a cabeça redondinha, é preto e os fiapos de chocolate compõem a carapinha, um mimo de nostalgia e pontapé na bola que o gaiato - que nem sequer se lembra do damas, do bento ou do gomes - anui, sem estranhar. e vai mais uma garfada no pantera negra, amanhã logo se pensa em poupar os dentinhos.

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