a churrasqueira central de santa bárbara, ali como quem paira sobre o regueirão dos anjos

diabos me levem e tragam de volta, que hoje ainda tenho de ir trabalhar para o shopping center, se alguma vez pensar ir dar com os cotos na dita churrasqueira, iluminação pouco fértil, empregado quase-de-certeza-reformado-de-barbeiro-com-cabelo-cor-de-stradivarius e o outro com o facies a dar para o agressivo suado, com vontade de perguntar muitas vezes o que é que escolhemos, o que é que vamos beber, o que é que comemos, e eu que até estava sozinho, só uso o plural porque hoje é sexta-feira e a inês nadais do Público deve estar a fazer o mesmo no suplemento ipsilon, nós isto, eu aquilo, entremeada, foi o que disse ao melhor amigo do axe e do 8 x 4, grande desodorizante, saudade dos eighties, de onde a churrasqueira central parece nunca ter saído e pouco importa, a chicha recomenda-se, o jarrinho da casa menos mal, língua empalhada e boca tingida, mas há coisa piores, olhem lá o ruanda e o caralho, e à minha volta havia de tudo, um mano do piercing e anéis a beber ice tea e descafeinado, um quadrado de estudantes entusiasmados com código de processo civil, versão de bolso, desgraçados, devem ter tido aquela pasolini de espinho a dar-lhes aulas de história e de outras merdas, lá mais para o fundo um casal de turistas, uma dupla de senhoras com ar a roçar os cinquenta que comentava as últimas do inter de milão, swear to god, e mesmo ao fundo uma mesa com doze surdos conversando animadamente, como se quisessem provar que uma tasca com doses a quatro éros e meio pode ser deliciosamente silenciosa. vão lá antes que feche, a sério.

2 comments:

Reinaldo Rodrigues said...

De vez em quando até retratistas por lá se encontra(m)!

pedro vieira said...

nunca me enganaste