feira do livro # 5

plantar aqui a expressão feira do livro é um engodo, um pretexto, como naquela história tantas vezes glosada do busto de napoleão, afinal durante o dia de ontem foi difícil fugir à minha tendência de subir o parque encostado à esquerda, como é meu hábito em todos os assuntos e mais alguns, entre outros, e lá fiquei a balançar no eixo assírio e alvim - relógio d'água - roulotte das imperiais, acho até estranho que a colecção b.i. seja uma parceria entre as duas primeiras e a cotovia, quem sabe um dia a malta dos hamburgers e dos croissants panike não tem algo a dizer sobre o machado de assis, capitu mordeu ou não mordeu o cachorrão especial, enfim, dúvidas que nem sequer interessa esclarecer. Por falar em relógio d'água, diz que a blanche dubois de um eléctrico chamado desejo garantia confiar sempre na generosidade de estranhos. Se conhecesse a maralha da assírio ficaria a conhecer a generosidade dos camaradas de profissão que faz com que um gajo perca a cabeça, o tino ao nib e a saúde da coluna, aliás, maldita escoliose dextro-convexa (as minhas costas estão a curvar-se para a direita, é coisa que acontece muito com a idade, vide caso do senhor doutor da comissão europeia) que me obrigou a deixar os livros comprados na barraca do editor à espera de um dia em que siga direito a casa, com a mochila enfunada e sem mais distracções. Já ontem o entardecer metia repasto e volta ao bilhar grande que são umas pataniscas em forma de pastéis de bacalhau - pelo-me por transformismos - e foi nesse mesmo repasto que uma das convivas espantou a mesa com a referência ao título "Filhos de Torremolinos". O choque e pavor, ninguém o reconheceu, um livro-farol que terá proporcionado a manuel arouca a inspiração para o mítico "filhos do sol" e eu a pensar que Torremolinos e literatura não casavam, que aquilo era apenas uma monumental Quarteira ou, na melhor das hipóteses, uma tasca na rua das portas de santo antão. Afinal o autor de tão temerária saga até empochou um pulitzer, por esta e outras obras; nesta acompanha-se um grupo de jovens numa história based on illegal drugs, pleasure and machismo in exotic locales, diz-se até que os saudosos pândegos dani, sá pinto e dominguez já vieram negar ter servido de inspiração. E assim vai o mundo das letras, regado a vinho a martelo, ginja e vaselina, que também marcou presença no dito jantar, e isto não é uma blague. Habituem-se, como disse uma vez o pequenote do PS.

6 comments:

Anonymous said...

Antes regado a vinho a martelo, ginja e vaselina do que a tiques de proselitismo e intelectualidade árida do género não fode nem sai de cima. Tchin Tchin, cheers...

Pôncio Vileda said...

alguém sabe se nu, pavilhão da BysLeya, é fácil engatar? ( o próprio nome sujere "lésbica-bi", o que multiplica as hipóteses de engate...) Vou estar em Lx noi próximi fine de setimana. me liguen se tiverem menos de 26 e óculos de massa. Jádore Rebelde's Way.

fallorca said...

Cum caralho, bastam-me as tuas «reportagens» sobre a Feira para não pôr lá os gravetos.
(Verificação de palavras: «grama», eu também)

Madrigal said...

Sigo o teu blog, quase sempre em silêncio, e admiro a tua capacidade de escrita e a fineza do teu sentido de humor. O meu género de escrita é bem diferente - talvez o classificasses de lamechisse, ou geleia temperada com laivos de análise psicológica/filosófica, a que se juntam, de quando em quando, poemas de amor avulsos. Enfim, cada um nasce para o que nasce e vai escrevendo o que da alma se lhe solta.

Gosto muito de te ler

Um abraço,

Jorge

PS. Sei que não respondes a comentários, mas com certeza que os lês.

pedro vieira said...

fallorca, não me fales em gravetos que os meus vão-se desfazendo na feira como gente grande.

Jorge, eu leio-os mas nem sempre lhes respondo, a não ser que me interpelem directamente. Ou não. Seja como for, obrigado pela visita, pelo comentário e pela preferência. Só não me venhas pedir dinheiro, pá.

Madrigal said...

Sabes, Pedro, estava a guardar esse pedido menos decoroso para uma próxima vez, mas já que foste tão peremptório e antecipaste-te com essa negação tão irrevogável, só me resta aplicar o Plano B: Vou tentar vender o que resta das minhas acções do BPOPULAR aos peregrinos que deambulam pelo IC 2 rumo a Fátima. Afinal não estamos no mês mariano?! - Ou é marciano?..

Um abraço e guarda lá o guito.

Jorge