o caminho, animais, quilometragem

duas ou três notas sobre o êxodo de lisboa, desejado mas sem a juda de um mar vermelho dividido como um penteado à paulo bento, potenciado apenas por uma A2 que pulula de referências mesmo que pobre em veículos, a saber, poucos quilómetros depois de iniciada a viagem deparamo-nos com uma placa que anuncia as obras de alargamento do troço de coina, uma miséria, quem é o sacripanta que desdenha a coina mais apertadinha, mais à frente os outdoors alusivos ao badoca park, e neste ponto lembro-me do leão do raul indipwo, quem terá tomado conta dele quando desapareceu o último ouro negro, e entretanto eis que passa uma carrinha de caixa aberta da gnr empenhada em empestar de fumos e excrescências a vida do transeunte, chernobyl ao largo de beja, está visto que aquela força da ordem desconhece a palavra "catalisador", entalada algures entre os vocábulos "capacidade" e "cérebro" do manual de instruções da Guarda, uma página muito pouco visitada dizem as más-línguas, as boas não interferem, trabalham no red light district, são emigrantes e tal, e à chegada à portagem do allgarve mais uma surpresa ilustrada: um cartaz da brisa incentiva a que respeitemos os outros automobilistas; para ilustrar a mensagem escolheram uma matulona loira que beija ostensivamente uma miúda preta vestida como se tivesse saído directamente do orfanato para a sessão fotográfica, naquela que é a mais espectacular manifestação semiótica deste verão em que a prevenção rodoviária dá as mãos à luta contra o racismo, passando pela promoção da adopção, prejudicada pela obsessão das garinas com o relógio biológico. tanta informação e a semaninha de férias ainda agora arrancou.

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