gosto tanto de ter livros a marinar pela casa e de um dia pegar-lhes como que por acaso, um, dois ou três pares de anos depois de os ter comprado, como quem colhe umas bagas que há-de degustar com a cara contra o vento, esse, que traz memórias do oceano no campo de trigo, as mãos a acariciarem espigas, os mortos que se passeiam, foda-se, parece que sofri um encosto momentâneo do dylan thomas quando eu quero é falar do bernardo carvalho, homem que já me deu muito prazer, ai a reputação do blogger que se esboroa, o bernardo, o teatro, romance que me levou ao tapete (a reputação, etc), dividido em duas partes e com uma mestria no trabalhar das palavras de criar espanto. A primeira metade é um mimo de narrativa que se desenvolve sem deixar de andar em círculos, como se se progredisse numa daquelas rotundas tão estimadas pelos autarcas, sempre às voltas mas com vários sentidos e muito menos despesa em arte pública. E há um pretexto, um busto de Napoleão, que é o terrorismo. Na segunda parte vem o logro da contextualização, com um tapete que nos é retirado a míseros caracteres do final. E um gajo só pode agradecer ter sido transformado em cobaia mesmo depois de ver confirmadas as desconfianças criadas à cabeça, a saber, eu tenho um medo do caralho dos livros da cotovia, tanta sobriedade gráfica põe-me no lugar, eu que sou a dar para o espalhafatoso fico mirradinho perante tanta soberba monocromática que é todo um manifesto, se vens à procura de fogo-de-artifício vieste ao sítio errado, aqui não se facilita, molda-se o carácter, dão-se cursos breves e isso. Dizem eles nas entrelinhas e sobrecapas. Eu enfio a viola no saco, sei quais são os meus limites, se bem que o bernardo vai permitindo que eu os alargue, pedacinho a pedacinho (a reputação, etc). Ainda havemos de falar aqui na Odisseia, ou eu não me chamo carla vanessa. Oops.
Teatro
Publicada por pedro vieira em 2.6.09
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1 comment:
Eu se vejo o Bernardo Carvalho na rua parto-lhe a boca toda, diziam-me que esse merdas era "tipo-bernhard-tás-a-ver" e depois um gajo vai a ver... A culpa também é do Abel Barros Baptista que disse o gajo era mel... Enfim, um dia destes, à força de pontapés no cu, vou ensinar este gente a não gostar do Bernardo de Carvalho.
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