um conceito de que gosto, sobretudo quando vejo entrar na liça eleitoral uma trupe como a de Santana Lopes, apostada em deitar novamente as garras a lugares, prebendas, cartões, viagens, arranjos, favores; esqueçam as ridicularias, o menino-guerreiro, a incubadora, a megalomania, os ziguezagues, o parque mayer, o que é mais interessante na dita trupe é o que se passa ao nível mais rasteirinho, no toma-lá-dá-cá da concelhia, um lugar para o ex-cunhado do fulano de tal que voou para a Europa civilizada, outro para a melhor amiga do xyz, para os fiéis da secção, para as mocinhas mais ou menos aplicadas dos cursos de turismo que arrebatam uma vereação num piscar de olhos. eu tive oportunidade de conviver de perto com a tralha santanista. como muitos dos meus 12 leitores sabem, trabalhei na câmara de lisboa durante meia-dúzia de anos, cheguei em 1997 por concurso público e contrato a termo certo de um ano, após o que passei para a condição de "trabalhador independente", como soi dizer-se dos recibos verdes encapotados, cinco anos de recibos passados todos os meses à mesma entidade, exercendo funções no mesmo local, com hierarquia definida, o blábláblá em forma de areia para os olhos, o costume. o trabalho, esse, deu-me muito prazer.
em janeiro de 2003 fui convidado a sair pela mão de santana e sus muchachos, na companhia de mais "trabalhadores independentes" que ocupavam espaço vital precioso, afinal era necessário abrir alas à rapaziada que ciclicamente saltita atrás dos líderes nas noites eleitorais, eu cá tenho pouco jeito para os pulinhos, entre outras cabriolas físicas, e lá fui à vidinha, mantendo sempre algum interesse pelas movimentações deste lúmpen político que vai não volta tenta respirar acima da linha de água. ei-los de volta, às candidaturas, sob a capa do lisboa com sentido. sei bem qual é esse sentido, é único, e na direcção do abismo ou do lugarinho à sombra da bananeira. este meu post, estes recortes de imprensa, que fazem parte da minha vida pessoal e profissional, são o meu contributo para a refrega, a minha oferta aos lisboetas. há palhaçadas que mais vale não repetir, as tortas na cara só costumam ter graça à primeira. ou nem isso.
ps: a título de exemplo, aqui fica o link para uma das notícias de 2009 que dá conta da "obra" de Santana em lisboa A contratação de militantes do PSD para a Gebalis – empresa que gere as casas sociais – e a participação na construção do estádio do Benfica são dois dos 29 processos relativos à Câmara Municipal de Lisboa que estão ainda em inquérito na Unidade Especial de Investigação, coordenada por Maria José Morgado, e na 9ª secção do DIAP de Lisboa, dirigida por Teresa Almeida.
ps2: em 2005 fui informado por escrito do resultado de um concurso público de acesso aos quadros da câmara ao qual me havia candidatado no ano 2000, quando já era "trabalhador independente". fiquei aprovado no dito concurso mas recusei a vaga correspondente, situação que me valeu ser apelidado de otário por amigos e conhecidos, entre outros mimos. sucede que eu sempre detestei a cantilena do ó tempo volta para trás. helás.
ps3: este post é dedicado à Isaura, à Maria João, à Marta, à Sónia, ao Jorge, ao Pedro e ao Tiago.
as autárquicas # 2, ou da necessidade de profilaxia da memória
Publicada por pedro vieira em 6.10.09