grande gala 'azinheira spoken word', tomo 12

Pede-me o Irmão Lúcia que alinhave algumas considerações sobre os 90 anos de Fátima. Não sendo de todo um especialista, estranhei o pedido, mas não quis negar-me a tão simpático convite. Por falta de tempo (acabo de chegar de uma curta volta ao mundo), decidi recolher alguns dados a partir de uma pesquisa rápida na Internet, onde superabunda informação sobre o assunto.


Consciente embora da força que o lóbi da Arte Contemporânea tem junto de Fátima, surpreendeu-me a modernidade estilística da aparição. Dizem as testemunhas que a grande revelação se deu quando Fátima surgiu vestida apenas com um biquini feito de ouro e diamantes, imagem que muito deslumbrou o povo e ficaria gravada de forma indelével na memória de quem teve a rara oportunidade de a presenciar. O culto da aparição tornou-se de tal modo arrebatador que existe até um modelo barbie de Fátima com o seu biquini, e cujas vendas ultrapassaram em muito as das estatuetas de Diana de Éfeso, em tempos um gigantesco sucesso comercial. Foi também com alguma surpresa que soube que Fátima lançou uma colecção de óculos, o que pode ajudar a explicar a célebre expressão de fé «Eu estava cego, mas agora vejo».


Eis algumas revelações de Fátima, tal como as encontrei referenciadas em vários sites e blogues:


Não há gente feia.

Nós nascemos nus.

Andamos vestidos para nos protegermos do frio.

Não existem dois manequins iguais; uns são mais magros, outros são mais gordos.



A revelação mais extraordinária e transcendental, porém, foi proferida durante um desfile em Paris (não esqueçamos que se viviam tempos de guerra) e, a ser verdadeira, deitaria por terra o imaterialismo, o dualismo cartesiano, o solipsismo, o cepticismo, o idealismo alemão e o positivismo, para não falar na lógica aristotélica:


Não há nada falso: é tudo verdadeiro, desde a raposa aos visons.


Consta que disse também:


Eu sou a favor das peles
.


Alguns interpretam a frase como uma exaltação literal da virgindade. Outros, argumentando que uma tal interpretação seria de uma crueza pouco consentânea com a dignidade da figura que a proferiu, afirmam que se trata de uma exortação aos homens e mulheres de boa vontade para que não andem por aí em carne viva.


Aparentemente devido às revelações supracitadas, Fátima tem sido atacada com uma virulência a que raramente se assiste em ofensivas contra outros cultos. Pelo que pude perceber, os seus detractores contestam sobretudo o capítulo da fé que sustenta ter o homem direitos absolutos sobre o animal, incluindo o de lhe arrancar a pele em vida se com isso se obtiver aquele brilho sedoso tão especial que se percebe em certos agasalhos quando a luz do sol neles incide sob um ângulo muito particular.


Para terminar: vi fotografias de Fátima e sou forçado a admitir que, aos 90 anos, não é comum as formas femininas serem assim tão redondas. Só não vê quem não quer que se trata de um milagre – ou de um pacto com o deus das moscas, que nos dias que correm está difícil perceber quem é o quê.


José, inquilino do bandeira ao vento

1 comment:

redonda said...

:):)eu primeiro não estava a perceber quem seria a (segunda) Fátima :)